Por Eduarda Macário | Diário As Beiras – Coimbra, Portugal
Grandha junta profissionais em Portugal
“Quando eu morrer, quero que Deus me leve para um lugar que tenha bastantes cabeleireiros”. Esta é uma frase que Celso Martins costuma dizer nos muitos eventos que a Grandha Brasil organiza a cada segunda-feira e que marcou o filho, Celso Martins Junior. Orgulhoso do pai e da imagem que ele tem no mercado brasileiro, este jovem herdou também a sua paixão pela profissão.
Segunda-feira (26/09), a partir das 09h00, até às 17h00, a Grandha Portugal promove no Hotel D. Luís, em Coimbra, um evento sobre a importância da cosmetologia na área do cabelo e couro cabeludo que pretende reunir “um número espetacular de profissionais de beleza, que podem receber uma orientação técnica e prática de procedimentos.” Este evento é um passo importante para concretizar em Portugal o projeto desenvolvido pela Grandha no Brasil.
Celso Junior vem duma família que trabalha para o profissional da beleza há 40 anos. “O meu pai é um profissional muito conhecido no Brasil e cujo nome, que me foi posto, funcionando para mim como um excelente cartão de visita por conta da imagem profissional que ele construiu”, reconheceu sem esconder a emoção e o orgulho.
Começou aos 16 anos e aos 38 anos é considerado “um monstro na cosmetologia”. Estudou nos melhores lugares do mundo, lecionou em várias universidades brasileiras, e na principal universidade de ciências da saúde e beleza do Brasil. É hoje professor convidado na Lusófona.
Ao longo de toda essa jornada de ensinar e aprender, “descobriu” que cosmético “é algo que entrega felicidade”. O que só se consegue se se “colocar emoção, carinho dentro de cada frasco e respeito pela pessoa que o vai usar”. Essa é, como diz, a “grande missão das grandes marcas de cosmética e é também o que separa as grandes marcas daquelas de pouca expressão”.
[blockquote]”A educação é fundamental na beleza, saúde e bem estar.”[/blockquote]
O que é a Cosmetologia?
A cosmetologia é o estudo da ciência que envolve o desenvolvimento de produtos para a saúde, beleza e bem estar.
Um conceito de beleza muito alargado.
Sem dúvida. Hoje, para ser bonito precisamos de estar saudáveis. Então a beleza é interpretada como uma extensão de saúde e bem estar. E com isso demos origem a uma série de outros conceitos de desenvolvimento cosmético.
Como por exemplo?
Hoje temos, por exemplo, os cosmecêuticos que são produtos muito atrelados ao conceito da terapia capilar porque reúnem ativos da indústria cosmética que trabalham em conjunto com ativos da indústria farmacêutica. No meio de todo esse universo, ainda inserimos conceitos de ativos naturais. Nunca se usou tanto no mundo ativos como óleos essenciais, vegetais, extratos glicólicos vegetais. A nossa empresa no Brasil – Grandha – já ultrapassa os 20 anos de idade. E conquistamos muito mercado atuando na pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para modificar, por exemplo, a fibra do cabelo. Ao passo que isso se acelerou nos últimos três anos, nós percebemos que a dinâmica de trabalho se confundiu um pouco com aquilo que o Brasil estava a exportar para o mundo, e que são coisas ilegais como o ácido glioxílico, glutaraldeído, formol de alisamento e terapias de couro cabeludo.
O natural passou a ser uma preocupação?
Não é só uma preocupação, mas sim uma questão ao ver todos os benefícios que essas matérias-primas sustentáveis trazem consigo. Hoje, quando se recorre a produtos importantes da farmácia, encontram-se muitas associações com óleos essenciais. Fico feliz é de saber que universidades importantes de Portugal publicaram trabalhos científicos incríveis na área da fitoterapia.
E a Terra tem capacidade para responder a essa procura?
Sim, principalmente porque quando pensamos nesses ativos, estamos a referir ativos que exigem percentuais de concentração menores do que muitos outros ativos que trabalham em formas sintéticas. Neste caso, produzimos menos porque também se aplica menos para ter um efeito maior e melhor. Hoje nós reconhecemos que com o princípio da ação combinada, o fato de se reunir ativos sustentáveis, naturais com ativos sintéticos em baixas concentrações, se podem construir produtos que entregam benefícios às pessoas e que acima de tudo geram proteção. É muito mais fácil trabalhar na prevenção de pequenas patologias que nos incomodam no dia a dia, como caspas, seborreias, dermatites, distúrbios de oleosidade, do que na construção de produtos que tecnicamente exigem concentrações ativas muitos maiores e que também poderiam gerar alguns efeitos colaterais ou solicitar tratamentos mais intensos.
Por que esta especialização no cabelo e no couro cabeludo?
Porque o cabelo tem uma importância social e histórica que contempla uma série de registros, inclusive bíblico. O cabelo é cada vez mais considerado a moldura de um grande quadro que é o nosso rosto. E com o surgimento de novas tecnologias de modificação de fibra, seja no seu formato, na sua cor ou na sua textura, percebemos que o crescimento da arte do visagismo que contempla a capacidade que os profissionais têm de harmonizar e equilibrar a beleza das pessoas interpretando formas, texturas, linhas, volumes, cores, tudo isso gera uma movimentação no mercado técnico da educação assim como no mercado da indústria que fica responsável por construir ferramentas, como produtos capilares, de maquiagem, de tratamento facial e corporal. E junto com tudo isso construir consciência de que a beleza depende também de saúde e que tem que ser entendida como uma proposta sustentável. O Brasil é o segundo mercado do mundo na área capilar.
É por ser um dos países onde os cabelos são mais bonitos?
É verdade. Mas o que acontece no Brasil é que há uma diversidade de tipos de fibra capilar que obriga o cabeleireiro a estudar muito para que possa interpretar essas diferenças. Essa necessidade tem forçado as grandes universidades brasileiras a dirigir mais estudos para essa área. E foi por essa necessidade que foi criada a Academia Brasileira de Tricologia que tem o apoio da Grandha juntamente com outras empresas. A academia tem assumido uma notoriedade em função dos seus projetos de educação técnica que ultrapassa as barreiras do país. Nós vamos trazer para Portugal, já para o próximo ano, em janeiro e fevereiro, um projeto inovador de educação técnica para os cabeleireiros portugueses. Um projeto que acontece já há quatro anos no Brasil e que é o curso de formação básica em terapia capilar. Este será seguido de um segundo curso avançado de terapia capilar. Esse curso vai acontecer com exclusividade na Associação Nacional do Corpo de Cabelo em Leiria. Acreditamos que esse projeto tem a capacidade de iniciar uma movimentação educacional no mercado da beleza em Portugal.
Porque um projeto de educação?
Há 12 anos, o Brasil iniciou uma jornada no uso inconsciente de ativos que são proibidos. E isso acabou por gerar exportações de coisas indevidas. O Brasil trabalha muito forte neste momento para resgatar a imagem da beleza e do cosmético brasileiro. Assim que cheguei a Portugal, encontrei casos de pessoas que sofrem as consequências do uso de produtos vindos do Brasil, de fato ilícitos e muitos perigosos. O nosso projeto de educação em Portugal tem uma missão de conscientizar pessoas, de as educar e de preparar os profissionais de beleza para reconhecer qualidade em cosmética.
Mas a Grandha não está sozinha nessa luta. O país é acessível a esse projeto?
Claro que não pode estar sozinha. E eu entendo que a grande maioria dos profissionais portugueses que usam esse tipo de produto perigoso fazem-no de forma inconsciente e não sabem o risco que estão a correr. Nós sentimo-nos preparados para apontar essas situações aos profissionais, orientar o mercado, ajudar o profissional de beleza a entender qual é o melhor caminho a seguir.
E como sensibilizar as pessoas que não contatam profissionais?
Nesse aspecto, existem dois pontos importantes. O primeiro, é que há uma diferença técnica e de qualidade em cosmética que deve ser tida em consideração na hora da escolha. Há uma diferença enorme entre um produto profissional, feito para o salão de beleza e outros produtos que são distribuídos em lojas por preços menores. O segundo ponto é que felizmente, o que foi percebido nesta nossa última viagem é que os produtos perigosos ainda não chegaram às lojas, mas estão presentes nos salões de beleza. Por isso, a nossa missão em atuar diretamente com os cabeleireiros portugueses para explicar as diferenças, pontuar os caminhos novos e treiná-los com as tecnologias novas. Não há como construir ou reconstruir cenários importantes de beleza, de negócio, sem educação. A educação é a chave de tudo. E mais do que pensar em resgatar profissionais antigos, teremos de pensar em construir formas de educar melhor os novos profissionais. Ser cabeleireiro é uma profissão bonita.
Associação Nacional do Corpo e do Cabelo – Portugal
Diário As Beiras – Coimbra, Portugal
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